Por Ariel Andrade

Formado pelo Brasileiro Gianluca Girrard (Hawk), pelo Argentino Guido Consoli (Manta) e pelo Colombiano Juan Mejia (Donkey), o power trio de Prog-Rock/Jazz Fusion intitulado Manta Donkey Hawk com raízes sulamericanas lança hoje seu primeiro álbum - Redmoon. O disco instrumental totalmente experimental é rico em arranjos rebuscados, timbres diferenciados e texturas que levam o ouvinte apreciador do estilo a uma verdadeira trip sonora. Escute agora mesmo no Spotify, Apple Music ou no Soundcloud. Para adquirir esse álbum incrível para nós baixistas, ele já está disponível no Itunes. 

Formada em 2015 em Boston (EUA) nos arredores da famosa Berklee, o trio apresenta nesse trabalho um conjunto de composições originais do início desta formação que sem dúvidas, tenta mostrar um pouquinho da influência de cada um. Apesar de ser um trabalho que brinca com harmonias não convencionais, poliritmia, samples e sintetizadores, eles trazem sim uma pitada dos sons característicos dos seus países de origem. Batemos um papo com o baixista e produtor Gianluca Girrard sobre o Redmoon lançado hoje e também sobre esse trio, confira:

Como surgiu esse projeto?

Manta Donkey Hawk é um power trio instrumental formado no fim de 2015 por Guido Consoli, compositor e pianista argentino, por mim e por Juan Mejia, baterista e percussionista colombiano. Nós nos conhecemos durante nossos estudos na Berklee College of Music e tocávamos como “cozinha” em diversas gravações e projetos na faculdade. “Redmoon" foi gravado no primeiro semestre de 2016 em diversos estúdios em Boston e envolveu um processo meticuloso que germinou num álbum dinâmico, espontâneo e visceral. As performances e o som destacam a música e sua integridade, abrangendo o rock progressivo cabeçudo até viagens no jazz.

De quem são as composições? Como funciona o processo de composição?

Desde a primeira vez que tocamos, percebemos a química entre nós e rapidamente estávamos comunicando e expressando nossas ideias e sugestões por meio de diálogos musicais. Vamos pra sala de ensaio com uma ideia ou sugestão em mente, seja de qualquer um dos membros da banda e começamos a improvisar em cima, cada um de nós acrescenta seu ponto de vista e de lá desenvolvemos os temas. Não temos nada escrito. sentamos, tocamos, e tentamos desenvolver temas e vibes. Nosso approach é tentar fazer música de maneira espontânea e improvisada, o mais livre possível. Como baixista, é o maior prazer tocar com músicos bons e receptivos; que estão atentos, escutam e respondem às ideias musicais.

Quais as grandes referências pra esse trabalho? E quais as tuas grandes referências como baixista?

Todos nós somos grandes fãs de bandas de rock progressivo como King Crimson; Emerson, Lake & Palmer; Elephant9 e artistas de jazz/fusion como Now Vs Now, Brad Mehldau e Cloroform. Porém grande parte da nossa sonoridade vem das influências pessoais de cada membro, Guido (tecladista) gosta muito da onda do Emerson, Lake & Palmer, fãnzasso do Keith Emerson(RIP) e também de Brad Mehldau. Juan (baterista) gosta de muito de cumbia e drum&bass, fã do Jojo Mayer e Nerve. Pessoalmente sou influenciado por artistas como Aphex Twin, Som Imaginário, Milton Nascimento, Lô Borges, Kimbra entre muitos outros...Realmente escuto muita coisa e tento aprender o maximo que puder.
Sou grande fã de baixistas como Jamil Joanes (Banda Black Rio), Liminha (Mutantes), Novelli, Robinho Tavares, Thundercat, Tony Levin (King Crimson, Peter Gabriel), Greg Lake (ELP), Alphonso Johnson (George Duke), Jaco Pastorius (Weather Report), Tom Fowler (Frank Zappa), Stanley Clarke (Return to Forever), Mark King (Level 42). São minhas referencias.

Um dos baixos usado por Gianluca é este Ritter

Como foi esse processo de gravação?

Gravamos uma música de cada vez em estúdios diferentes, tudo ao vivo: teclado, baixo e batera, e em algumas músicas saxofone tenor. Tivemos overdubs de percussão como bombo legüero (percussão tradicional argentina), conga e alguns synths adicionais. Queríamos preservar a integridade espontânea gravando ao vivo, da mesma maneira que a maioria de nossos álbuns favoritos foram gravados. O legal dessa experiência foi ter acesso a equipamentos de gravação high-end, teclados vintage (Rhodes, Wurlitzer, Moog, Hammond B3), e contamos com uma equipe de engenheiros de áudio muito competente e compreensiva diante de nossa proposta.
Tive a grande honra de poder gravar o álbum todo com baixos Ritter, são baixos fantásticos feitos na Alemanha pelo luthier Jens Ritter. Quando descobri seus baixos foi uma revelação pra mim, ultrapassa o conceito de instrumento, uma verdadeira obra de arte funcional. Acho curioso que instrumentos assim sofrem bastante preconceito, especialmente entre músicos mais conservadores. No álbum usei seu modelo Classic (4 cordas), Roya (5 Cordas) e Raptor (um fretless 5 cordas com escala de 36” e captação a laser! loucura).
Tive total liberdade em quesito de pedais de efeito e fiquei muito satisfeito com os timbres que criei.

Qual a expectativa pra esse trabalho? Pensam em rodar com ele?

Queremos fazer uma turnê na costa leste dos EUA, e já começamos a gravar o segundo álbum. Seria um sonho nosso fazer uma turnê pelo Brasil, e seria bom até pra ver a reação do público com a música.

Esse álbum que foi produzido por Gianluca Girard, conta também com a participação de Jared Yee no sax e com engenharia de áudio por Alberto Menezes, Antonio WAS e Alex Pøpz. Redmoon foi Mixado e Masterizado por Gianluca Girard.

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